sábado, 20 de março de 2010
Randolph Carter I
“Com o tempo, veio a sentir-se quase feliz por ter desistido do seu suicídio, porque não só a sua separação do mundo e as relíquias da sua juventude lhe fizeram parecer infinitamente distantes e irreais a vida e a sua sofisticação, mas também uma vaga esperança e uma vaga magia voltaram a percorrer o seu sono, durante a noite, o seu sono que já há anos não conhecera senão o que conhecem os sonos mais banais – os reflexos deformados das coisas quotidianas. Reaparecia agora a claridade vacilante de um mundo mais estranho e muito mais fantástico, uma claridade próxima de uma iminência vagamente aterradora, encarnando-se em imagens intensamente claras dos seus tempos de criança, enquanto lhe voltavam à memória inconsequentes minutos de há muito esquecidos”.
Lovecraft, 1926
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